CAMPEÃO NACIONAL de Gloster Fancy e Arlequim Português

Espaço dedicado ás Raças que desenvolvemos, desde as nossas Criações, ás Exposições e à Canaricultura em geral.

Telemóvel: 968 094 048 / e-mail: goncaloferreira.canarios@gmail.com

20100816

Aprovação Mundial - Arlequim Português


Com o cancelamento do 54º Mundial em Zutphen na Holanda em 2006, e do 55º Mundial em Montilla na Espanha em 2007, criou-se obrigatoriamente uma janela temporal que permitiu a natural evolução da Raça.

Hoje e com a distância devida, afirmo: ainda bem!

O entusiasmo natural dos promotores da Raça, que desde a sua apresentação em publico (1997) à aprovação e homologação em Portugal (2001), decorreram somente três anos, desejava que o percurso em termos internacionais pode-se ser igualmente rápido, quiçá, rápido de mais como se verificou.

A inexperiência nestas andança, afinal era a primeira vez que apresentávamos uma raça, aliada aos escassos exemplares para o então Standard definido, Standard esse que mais tarde sofreu uma natural evolução resultado dos sucessivos “chumbos”, provocou um caminho mais árduo e mais lento do que previsto inicialmente, mas o caminho natural para uma Raça de Porte que de Criação Selectiva tinha sensivelmente 15 anos até à primeira apresentação Mundial - 2001.

Com a experiência acumulada, com a rectificação do Standard e com os Cancelamentos de dois Mundiais, conseguimos chegar com tenacidade, vontade acrescida ao ano de 2008.

Chegava em 2008 o 56º Campeonato Mundial que se realizou em Hasselt - Bélgica, e com ele a primeira aprovação da Raça do Arlequim Português.

As expectativas eram muitas, resultando de muito trabalho, perseverança, vontade e crença.

O número de criadores desde 2001 aumentará e com ele o número de exemplares disponíveis, permitindo a natural evolução de qualidade da raça, que recordo, somente com 11 anos de apresentação.

Mas também, nestes anos algumas contrariedades: muitos continuavam a olhar para o Arlequim Português como o antigo Canário Variegado que se encontrava e encontra por todo o nosso pais, descorando o seu Standard.

Muitos começaram a criar, não Arlequim Português, mas o antigo Canário Variegado. Com estes, a exploração financeira de uma raça que ainda não estava sequer homologada, aprovada Internacionalmente.

Estes não criavam Arlequim Português, mas construíam uma “fabrica” de Variegados sem Standard, os vulgos “Pintos”, que vendiam e vendem como Arlequim Português.

Se uns por desconhecimento do Standard e encantados pelos padrões de cor, quando esta ave é de Porte, outros simplesmente exploravam um “mercado” emergente que “intoxicavam” de aves ditas Arlequim, como hoje em tantos sítios podemos observar.

Muitos desses “pintos” apareceram em exposições, abalando a credibilidade da Raça aos olhos de muitos!

Foram criticas e mais críticas, e muitas afirmações que entroncavam numa só:
O Arlequim Português era um “pinto de feira”!

Para o leigo, temos de concordar que era uma leitura correcta, era fácil a confusão por desconhecimento, mas para criadores com Stam e conhecedores do que é um Standard, Não!

Bastava ler, consultar e compreender que as diferença não são muitas, são mais que muitas!

Este boom de “Arlequins” obrigou a uma criteriosa e cuidada selecção de exemplares para o Mundial de Hasselt, que culminou para primeira de três aprovações consecutivas necessárias à homologação da Raça.

Chegava o ano de 2009 e com ele o 57º Campeonato Mundial, que se realizava em Piacenza -Itália.

O Arlequim Português era de novo levando a Julgamento e pela segunda e consecutiva vez, era aprovado.

Era mais uma etapa ganha, mais um passo conseguido, tínhamos alcançado o nosso meio caminho para a Homologação.

Por cá continuavam a aparecer novos criadores e novos “fazedores” de Arlequim Português!

Quem chegava e chega para ser promotor e criador de uma Raça, aconselha-se, observa, esforçava-se por entender o Standard, com a finalidade de atingir os padrões de exigência do mesmo!

Quem chega para “fazer”, para ser criador de “pintos”, cruzava e cruza sem critério, por norma um melanico com um lipocrómico, e vide - um “pinto” a que chamam Arlequim Português!

A par disto, tropeçamos continuamente em termos que pessoalmente me arrepiam!
(muitos amigos meus que criam Arlequim Português e com os quais já falei repetidamente sobre isto, repetem sem pensar nos termos que escutaram quando começaram e continuam a escutar, alguns ditos por criadores com responsabilidades, mas que mesmo assim persistem em continuar a dizer.

A todos os criadores, isto é uma critica construtiva que desejo saberem entender e compreender, mesmo que pensem de modo diferente, e que afinal não é nada que antes já não tenha manifestado e noutro artigo em detalhe falarei).

Expressões como: Portadores de Arlequim!?? Como?*
Expressões como: Aves de Trabalho!?? Como?**

Para além do tal “Boom”, estas e outras também não ajudam à necessária credibilidade e a “explicar” o que é o Arlequim Português, que com um simples ajuste no Standard*** (também nesta falarei noutro artigo ) e julgamentos por classes****, deixaram de existir.

Mais uma vez, obedecendo a critérios apertados, foram seleccionados os melhores exemplares, que permitiram a aprovação pela segunda vez consecutiva da Raça.

Eis que chega 2010 e com ele um novo Campeonato Mundial, o 58º Campeonato do Mundo que se realizará na Exponor, na Cidade de Matosinhos - Portugal.

Não deixa de ser uma curiosidade, a Aprovação e Homologação do Arlequim Português, acontecer no mesmo País onde pela primeira vez foi apresentado Internacionalmente à 9 anos - 2001.

Curiosidade também, por ser uma raça portuguesa e poder atingir a sua expressão máxima igualmente no país de origem.

Assim, no dia 18 de Janeiro de 2010, chega a tão aguardada consecutiva aprovação e com ela a homologação da Raça de Canários de Porte Arlequim Português.

Vamos agora todos em conjunto celebrar o Arlequim Português no Campeonato do Mundo de 2010.

Nós, contribuímos com duas aves, dois Machos Par, um deles foi somente o 2º na história da raça a obter 93 pontos,.

Texto: Gonçalo Ferreira
Fotografia: Gonçalo Ferreira

* (des) Mistificar - Portadores de Arlequim?
** ( des ) Mistificar - Aves de Trabalho?
*** Os meus Artigos - Olhar o Standard!
****Os meus Artigos - Classes!

20100807

Amas Secas


Quando, como e porque usar?

"Sensibilidade e tecnologia. Estes são sem duvida os dois grandes ingredientes que levam um criador ao sucesso.

Considerando que a nossa actividade é uma arte, resulta extremamente importante aplicarmos todo o nosso conhecimento junto com uma sensibilidade, para na hora de escolhermos os nossos reprodutores e formarmos os casais, conseguirmos o maior proveito possível do material genético disponível, de tal forma que o produto final seja filhotes de excelente qualidade, a tal ponto de se destacarem na hora dos concursos.

Devemos aliar a nossa sensibilidade, um máximo de tecnologia, no manejo, instalações, alimentação, etc. de forma a que possamos obter também sucesso na produção e cuidado dos filhotes.

No campo tecnológico em todas as áreas da zootécnica ocorre avanços verdadeiramente expressivos no que a reprodução se refere. Uma descoberta por todos conhecida de extremo valor, é a inseminação artificial, que permite multiplicar incrivelmente a prole de certos exemplares machos de alto valor genético. Desta forma consegue-se multiplicar muito velozmente as qualidades de um exemplar excepcional. Nós criadores de pássaros ainda não dispomos de técnicas que permitam essa pratica, mas em várias espécies podemos utilizar a poligamia com os melhores machos, de forma a obtermos maior quantidade de filhotes dos melhores machos dos nossos planteis.

Uma descoberta mais recente mas não menos interessante, é a transferência embrionária, que consiste resumidamente em estimular a ovulação de fêmeas de alto padrão, fecundar esses ovos e transferir os embriões para "amas-secas" de inferior qualidade que terão como única tarefa de criar esses filhotes de alto padrão. Desta forma, multiplica-se de maneira significativa o número descendentes de fêmeas excepcionais.
Esta tecnologia representa uma ovulação impressionante na qualidade de planteis, chegando a resultados surpreendentes num período de tempo muito reduzido.

Existe na ornitologia um exemplo típico desta prática, que é a cria do Diamante de Gold, utilizando Manons como "amas-secas".

Em canaricultura, o uso de amas secas permite, da mesma forma, que a possamos obter maior número de ninhadas daquelas fêmeas que mais nos interessam, desde que se utilizem uma manejo adequado e cuidadoso.

COMO FAZER UM PLANTEL DE "AMAS-SECAS"

As "amas-secas" devem ser fêmeas de excelente desempenho como criadeiras, independentemente da sua beleza. Como isto é recomendável que formemos um verdadeiro plantel com as mesmas, no qual o único critério será o comportamento reprodutivo. Quando avaliamos o comportamento reprodutivo das amas-secas, não nos referimos unicamente ao fato de alimentarem bem os filhotes, mas também a ausência de qualquer desvio comportamental.

Desta forma serão eliminadas as fêmeas que rejeitem o anel, ou arranquem as penas dos filhotes, etc.

Em nosso canaril, iniciamos a experiência a três anos atrás, com cinco fêmeas sem raças definidas, filhas de um casal de excepcional qualidade reprodutora, que nos foram presenteados por um criador amigo. Logo no primeiro ano eles tiveram um desempenho formidável como criadeiras e das duas melhores, obtivemos filhotes para aumentar o número de amas-secas para o ano seguinte. Desta forma, temos sucessivamente aumentado o número de fêmeas sempre tirando filhotes das melhores "tratadeiras". Resulta extremamente importante quando tiramos filhotes de amas-secas, que utilizemos machos filhos de fêmeas excepcionais criadeiras, para passar para os filhos essas qualidades.

O MANEJO

Diferentes de outras espécies ( Diamante de Gold, por exemplo ), no caso específico da cria de canários, temos observado que certos cuidados devem ser tomados, principalmente no que se refere a evitar o desgaste das fêmeas cujos ovos são retirados para provocar uma nova postura.

Quando esta prática é aplicada com frequência com a mesma fêmea, ela muitas vezes se mostra desgastada, diminuindo o número de ovos das posturas ou demorando muito para iniciar uma nova postura. Desta forma, quando retiramos os ovos de uma ninhada, deixamos que ela mesmo crie os filhotes da próxima, para retirar os ovos da seguinte e assim sucessivamente.

Desta forma, consideramos que um número excessivo de amas secas, seja contraproducente, diminuindo a produção em termos quantitativos.

Considerando um número razoável de amas secas pode oscilar o 10% do total das fêmeas utilizadas.

O manejo propriamente dito é muito simples. Controlamos a fertilidade das aves com 10 dias de choco, e transferimos os ovos cheios das fêmeas de maior interesse nesse mesmo dia, retirando o ninho para que ela "perca o choco", e recolhendo o mesmo, em dois dias, para reiniciar a postura.

OUTRAS VANTAGENS

Além da possibilidade de obtermos maior prole mais numerosa de melhores fêmeas do nosso plantel, consideramos que as amas secas, por serem relacionadas pela sua qualidade para tratar os filhotes, nos oferecem garantia de sucesso no desenvolvimento dos filhos das nossas melhores reprodutoras.

Por outro lado, também utilizando as "amas-secas" para testar a fertilidade dos machos do plantel que oferecem dúvidas. Assim, quando, um macho de qualidade não "enche ovos" numa ninhada, colocamos o mesmo com uma ama-seca para testar novamente a sua fertilidade, sem riscos. Quando o mesmo começa a fecundar ovos, ele é reintroduzido no plantel.

O tema é interessante, alguns aprovam esta prática e outros não. Nós tentamos, aprovamos e esperamos ter contribuindo para que você tire suas próprias conclusões. Boa Sorte !!!"
Álvaro Blasina
Juiz da OBJO/COM

4 Tópicos na Criação de Canários


Ambiente

Um elevado número de canários em um espaço insuficiente acarreta:

-aumento da quantidade de fungos;
-germes patogênicos;
-vírus;
-unidade excessiva;
-muito pó em suspensão;
-excesso de anidro carbônico;
-produtos em putrefação;
-pouco oxigênio disponível.

Para o dimensionamento do criadouro leva-se em conta o seguinte:

V=volume do criadouro em m3, para uma ventilação normal.
P=população do canaril.
C=quantidade de casais

V=0,2 X P; P=8 X C; V=1,6 X C ou C=V/1,6, sendo oito, o número de indivíduos em um casal, admitindo que cada casal gere seis filhotes, portanto 2+6=8.

Exemplo:

Em um local de V=16,8 m3, isto significa um espaço de 2,0X3,0X2,8 metros em dimensionamento, poderemos colocar:

C=16,8/1,6 = 10,5 ou simplesmente dez casais.

Porém, se o local não for forrado, permitindo uma aeração constante, esse número pode ser aumentado para 24 casais.

Higiene

Nas bandejas do fundo, coloca-se jornal para melhor absorção da umidade e que deve ser trocado de dois em dois dias. Lavar diariamente os bebedouros, periodicamente trocar os comedouros, para eliminar poeira das sementes, os recipientes de ração devem ser diariamente limpos para não ser oferecido alimento azedo ou mofado e também a grade de piso lavada pelo menos uma vez por semana.

Sanidade

Ficar atento para toda e qualquer modificação no comportamento do pássaro.

Toda vez que isso acontecer, verifique as fezes, se estiverem bem mole, pastosa, verde, preta ou esbranquiçada, em qualquer uma destas situações você poderá estar diante de um quadro clínico bastante complexo.

Não invente, nem tente fazer mágica, procure um profissional, que através dos exames de fezes irá resolver o problema, lembre que um canário doente pode contaminar todo o plantel, e a consulta não custa mais que todos os seus pássaros mortos.

Lembro neste tópico que peito seco não é doença e sim conseqüência de um progressivo emagrecimento, e isto se dá por vários motivos:

-desnutrição protéica;
-ácaro nasal;
-bactérias diversas;
-micoplasmose;
-micotoxicoses;
-parasitoses;
-protozoozes;
-viroses e
-intoxicações crônicas.

Na canaricultura deve-se evitar a proliferação de qualquer doença, para isso o tratamento preventivo é o mais importante do que o curativo. "

Fonte: Hernando N. Salles
Revista UOVP-Junho 1996
Artigo Editado em 28 Dez 2003

Antioxidantes


Vantagens na utilização de Antioxidante na nutrição animal

"Durante os últimos anos se tem enfatizado a pesquisa sobre certas substâncias de origem natural que atuam retardando o envelhecimento e prevenindo doenças crônicas ou de difícil tratamento no homem.

Tem-se observado seus efeitos em doenças cardiovasculares, renais, hepáticas, mal de Parkinson, Alzheimer e até mesmo Câncer, na busca continua em melhorar a qualidade de vida.

Estas substâncias, chamadas de Antioxidantes, nada mais são que compostos que atuam controlando os processos de oxidação nas células, evitando assim os desequilíbrios que acabariam manifestando alguma doença.

Nos animais, em especial nos de companhia a ação dos antioxidantes tem cada vez mais importância, pois devido à similaridade biológica destes animais ao homem, eles também envelhecem e padecem de doenças similares as nossas, assim como sofrem situações de stress que podem afetar sua saúde.

No caso dos pássaros, sobre tudo aqueles que além do valor sentimental, possuem um valor especial por sua beleza e qualidades, também podem ser afetados pelas situações de stress que os levem aos limites de sua fisiologia, de forma que um suplemento a base de antioxidante, através da alimentação, reforça seu estado sanitário, sua vitalidade, melhorando assim seu rendimento e sua qualidade de vida.

Existem vários antioxidantes naturais, entre os quais podemos citar a vitamina E, o Selênio, os Carotenóides, a Vitamina C e os Bioflavonóides, os quais na grande maioria são encontrados nos alimentos.

Porém pesquisas recentes demonstram a conveniência da adição extra de algumas destas substancias na prevenção de doenças, manutenção da capacidade reprodutora e proteção do sistema munológico.

Daremos ênfase a um grupo destas substâncias que chamamos de Bioflavonóides.

Os Bioflavonóides são substâncias polifenólicas presentes na maioria das plantas, mais concentrada nas sementes, nas cascas das frutas e frutos secos e também nas folhas e flores.

Nas plantas, os Bioflavonóides cumprem numerosas atividades biológicas, como antioxidantes protetores frente aos radicais livres produzidos pela fotossíntese e pela contínua exposição aos raios ultravioleta do sol sobre as folhas e como protetor frente a ataques fúngicos e bacterianos.

São os compostos que dão cor às flores e frutos.

Grande número de plantas medicinais contém Bioflavonóides e são utilizadas há séculos por seu efeito antimicrobiano, antiinflamatório, antialérgico, antiviral, antimutagênico e por suas ações vasodilatadoras.

São parte da defesa antioxidante natural encontrada nos alimentos.

Estudos epidemiológicos em humanos tem demonstrado a relação entre o consumo da dieta de frutas e vegetais e uma gama de enfermidades coronárias, câncer e alterações relacionadas com a idade.

Por outro lado vários estudos, tanto in vitro como em animais de laboratórios e de campo, tem demonstrado os excelentes efeitos biológicos dos Bioflavonóides a partir de suai potente ação antioxidante.

Os radicais livres e sua relação com o metabolismo

Os radicais livres são moléculas ou substâncias altamente tóxicas ao organismo, formadas a partir do oxigênio e que têm um número ímpar de elétrons na sua órbita externa, isto é, possuem um elétron não pareado na sua última órbita.

São altamente reativos e notáveis e são capazes de grandes alterações químicas num espaço de tempo muito pequeno.

Os radicais livres também podem ser produzidos de maneira descontrolada pelo uso de produtos tóxicos, ozônio, radiação ultravioleta e contaminantes ambientais.

O dano celular causado pêlos radicais livres acontece porque eles reagem com todos componentes celulares.

Assim, conforme o local e a quantidade, resultarão diferentes tipos de alterações químicas que provocam a destruição de determinadas estruturas celulares e de funções da célula, promovendo o envelhecimento e diversas doenças.

Esta ação negativa dos radicais livres é controlada pelo sistema de defesa do organismo e pêlos agentes antioxidantes.

Os lipídios, das biomoléculas, são os mais susceptíveis a sofrer os ataque dos radicais livres.

Mais especificamente os ácidos graxos polinsaturados de cadeia dupla, que contém duplas ligações.

A destruição oxidativa dos ácidos graxos polinsaturados, conhecida como peroxidação lipídica pode ser muito danosa uma vez que é uma reação em cadeia que se auto perpetua.

Biofiavonóides e os radicais livres

Um dos primeiros sistemas afetados pêlos radicais livres é o sistema imunológico.

As células imunológicas estão relacionadas entre si através de uma Pássaros comunicação celular, sobretudo através das membranas, as quais são ricas em ácidos graxos polinsaturados, que quando sofrem os efeitos da peroxidação colocam em perigo toda a integridade da membrana, uma vez que se altera sua fluidez, resultando na alteração do sinal celular e conseqüentemente em sua função.

Os Biofiavonóides ao bloquearem os radicais livres, inibem sua ação danosa, protegendo assim o sistema imunológico.

Esta proteção é especialmente interessante em animais jovens submetidos a vacinação o que exige um esforço maior do sistema imunológico.

Outra ação interessante dos Biofiavonóides é quanto a inibição de mediadores químicos implicados nas reações alérgicas adversas, como a histamina.

Isto significa que suplementação via nutrição pode ser uma via no controle de processos alérgicos em animais domésticos.

O stress oxidativo também esta relacionado com doenças neurodegenerativas relacionadas a idade, como o mal de Parkinson e Alzheimer, devido ao incremento do cálcio intracelular que produz estes danos neurológicos.

Diversos trabalhos em cães demonstram que a suplementação com antioxidantes como os Biofiavonóides melhoram a vida cognitiva de cães velhos.

Com base em experiências com animais se tem demonstrado que os Biofiavonóides e o ácido ascórbico contido em frutas e vegetais inibem significativamente a arteriosclerose, reduzindo a oxidação do colesterol etriglicérides no sangue.

A redução destes parâmetros supõe uma redução na apresentação das enfermidades cardiovasculares associadas ao envelhecimento.

O stress oxidativo também está relacionado com as enfermidades degenerativas e inflamatórias articulares.

Os biofiavonóides incrementam a síntese do colágeno, acelerando a conversão de colágeno solúvel em colágeno insolúvel e inibindo o catabolismo do colágeno solúvel.

Este efeito é especialmente interessante naquelas raças de cães gigantes, que crescem de forma acelerada nos primeiros meses de vida.

A suplementação de Biofiavonóides durante toda vida animal pode prevenir artroses e artrites decorrentes da idade.

Diversos trabalhos têm mostrado uma correlação inversa entre o consumo de Biofiavonóides e o câncer. Esta linha de trabalho está sendo intensamente estudada na medicina humana.

A nível intestinal, o sinergismo entre os Biofiavonóides e a vitamina C trabalha regulando a flora intestinal, impedindo o desenvolvimento da flora patogênica e favorecendo a flora benéfica, como os lactobacilos, por exemplo.

Prevenindo-se assim, distúrbios que possam desencadear diarréias, promovendo ainda a proteção contra o stress oxidativo das células intestinais.

Como podemos observar ai suplementação da dieta animais com antioxidantes naturais associados a vitamina C ajudam a mantê-los com ótima saúde, prevenindo doenças e melhorando sua performance.

Supervisor do Departamento de Produtos Pet Quinabra
Química Natural Brasileira Ltda.

Fonte: Eduardo C. Rosatti
Revista Pássaros ano 8 nro 41/2003

Alimentos Excitantes


"Pode acontecer que certos pássaros, por descondicionamento, erro alimentar ou outras causas individuais, não atinjam a perfeita forma amorosa.

Nestes casos é necessário se individualizar, quando possível, a causa desta deficiência amorosa. Se o exemplar aparenta-se saudável, pode-se tentar a administração de "alimentos estimulantes", estes são:

-Sementes: Cânhamo, niger, cominho, anis, sementes silvestres de várias espécies, semente de erva-doce;

-Vermelho do ovo: cozido em banho Maria;

-Cantáridas em solução aquosa;

-Vitaminas A-D3-E.

As sementes citadas, todas ou em parte, podem ser administradas em recipientes, separados até que o exemplar chegue à forma amorosa (convém também a administração de diversas sementes de plantadas silvestres); as sementes comuns da mistura, como niger, cânhamo, podem também ser aumentadas. Todas as sementes devem ser frescas, integras e sem pó.

O vermelho do ovo, que contém a lecitina que tem ação afrodisíaca, pode ser administrado misturado a biscoito triturado; uma quantidade tripla deste e uma gema (o total deve ser consumido em cerca de duas horas, pois de outro modo poderá alterar e tornar-se nocivo, principalmente se em temperatura e humidade elevadas); pode-se administrar em dias alternados por uma semana, evitando-se com cuidado o fornecimento dele envelhecido ou rançoso, o que levaria distúrbios hepáticos (além disso, depois de duas horas em contato com o farinhado de biscoito ou de qualquer outra farinha, começam a formar-se fungos invisíveis a olho nu que provocam graves distúrbios intestinais, etc.).

O Niger Guizotia abyssinica ou oleifera), planta anual da família das Compostos, originária da Abssínia, extensamente cultivada na Índia, onde é chamada de Ramtil (na África Neuk), nos países quentes (essencialmente em certas zonas da Itália meridional) dá muitas sementes ricas em óleo e proteínas que têm também uma ação afrodisíaca. Igualmente se pode dizer para as sementes de cânhamo, porém estas últimas são menos digeríveis que o niger. Em todo caso, estas e todas as outras sementes devem ser frescas, integras, isentas de impurezas e de pó; caso contrário, sobretudo se não íntegras, ficam com óleo rançoso extremamente tóxico (presença de "peróxidos") e com ação antivitaminica. Isto vale para todas as sementes oleosas.

A cantárida (cantharis obscura ou Lyssa vescicatoria) é um inseto coleóptero de cor verde-metálico e de odor desagradável; do pó de algumas partes do seu corpo se obtém uma droga, chamada "cantárida", cujo princípio ativo, dito "cantaridina", tem a propriedade revulsiva e afrodisíaca.

A droga em pó, que pode ser adquirida em farmácias, é dissolvida em água quente (solução 1 para 1000; ou seja, 1 grama para 1 litro d'água); a solução, obviamente fria, é adicionada na água de beber, na dose de uma colher das de café para cada 100 ml; a cada dia, por ex: às 8 horas, traça-se a água do dia precedente, colocando-se nova colher da solução de cantárida em nova água (todas as soluções, além de 24 horas, podem tornar nociva); o tratamento varia de 5 a 10 dias porém, não deve superar 7 dias de administração na maioria dos casos.

A utilização da cantárida torna-se necessária somente para os sujeitos sãos que não têm reagido aos outros alimentos afrodisíacos naturais mencionados ou ao tratamento à base de soluções aquosas de suplementos vitamínicos abaixo indicados.

É importante não exceder em todos os alimentos afrodisíacos, quer para se evitar distúrbios no fígado e baço, quer para impedir uma excitação amorosa excessiva; neste caso os machos, muito estimulados, realizam cópulas muito rápidas com consequente dificuldade de fecundação da fêmea; esta última, ao contrário, se muito excitada, procura excessivamente as cúpulas e isto pode levar diversos fatos negativos (ausência ou mal construção do ninho, muitos ovos postos fora do ninho e, assim, com fácil rotura da casca, depois de poucos dias da postura, abandono dos ovos na procura de nova cópulas, à miúde ovos não "gelados", etc.).

Os suplementos vitamínicos, líquidos ou em pó solúvel, à base de vitamina A- D3-E (evitar a administração da vitamina E sozinha, como aconselham muitos autores e criadores, devido que doses elevadas dela somente levam a danosos desequilíbrios de todos os fatores vitamínicos do organismo), disponíveis no comércio, seja para uso humano, seja para uso veterinário (geralmente 3 a 8 gotas em um bebedouro de 100 ml, renovada a solução a cada 24 horas, por 4 a 8 dias seguidos; repetir, se necessário, o tratamento depois de 8 a 10 dias), frequentemente colocam em boas condições amorosas os exemplares "tardios".

Em geral se pode dizer que os sujeitos sãos, bem alimentados e adequadamente alojados entram espontâneamente em amor, quando a quantidade e duração da luminosidade se faz mais intensa (primavera-verão) e a temperatura torna-se mais quente.

Nas hibridações pode se regular antecipando ou retardando a forma amorosa. Para os sujeitos que se cansam ao entra em amor se administra preferivelmente os alimentos naturais supra indicados (semente varias, sementes condicionadoras, niger, cânhamo, sementes de reseda luteola, vermelho do ovo) durante um certo período, ao mesmo tempo, ou a seguir, administra-se soluções aquosas de vitaminas A, D3 e E e apropriadas para um bom funcionamento das gônadas e para a fertilidade dos espermatozóides e do ovo.

Só excepcionalmente se recorre as cantáridas.

Evitar a administração de substancias hormonais, difíceis de dosar-se para os pequenos organismos dos pássaros e ser muito perigosa, já que uma mínima quantidade em excesso descondiciona todo o sistema hormonal com consequentes mal estar, atrofia das gônadas e esterilidade que, em alguns casos, como já aconteceu em alguns criadouros, podem tornar-se fatais.

Para facilitar a forma amorosa pode-se também agir de uma das duas seguintes maneiras:

A)Colocar o casal próximo a um macho (geralmente da mesma espécie da fêmea) em pleno canto (mas de modo que não possa ser visto, para evitar que a fêmea passe a não aceitar o macho destinado);

B) Fazer "sentir" o canto de um macho fortemente em amor, apresentado com ótima qualidade de gravação."

Fonte: Giorgio de Baseggio Itália
Arquivo editado em 13/09/2005

Alimentos Colorantes - Fator Vermelho


"Na natureza, as aves comem uma grande variedade de insetos, crustáceos, algas, musgos, frutos e bagas.

Destes alimentos, elas recebem e metabolizam vários carotenóides, que acabam por depositar na plumagem.

Na região Centro-Norte dos Estados Unidos da América, o Cardinal apresenta cores bastante mais mortiças durante o Inverno. Nestes meses mais frios, a sua alimentação é maioritariamente constituída por sementes. O Flamingo alimenta-se de plâncton, o qual é rico em pigmentos.

Se forem privados da sua alimentação habitual, ao mudarem a pena perdem a sua bonita cor rosada, ficando tão brancos como um frango de aviário.

Nos Zôos, os Flamingos recebem uma dieta com sumo de beterraba ou Flamen-Oil (mistura de óleo escuro de cenoura e outros óleos vegetais integrais) ou, mais frequentemente ainda, substâncias pigmentantes disponíveis no comércio especializado.

É assim natural que o Fator Vermelho dessas aves necessite de substâncias especiais para que possa ter expressão na plumagem.

É tão natural fornecer a uma raça de aves de Fator Vermelho concentrados de carotenóides como alimentar uma fêmea em postura com ovos cozidos. Será que as aves selvagens comem ovos para alimentar a sua prole? Não! Antes de serem domesticadas, as aves alimentavam as suas crias com insetos e plantas bravas. E com estas fontes alimentares que o Cardinalito selvagem consegue manter a sua intensa cor vermelha.

Durante os "anos escuros" da canaricultura, as aves coradas "artificialmente" eram simplesmente banidas das exposições. Desde o início, houve uma acesa discussão acerca do que seria uma alimentação colorante. Alguns consideravam mesmo que a utilização de cenouras na alimentação era uma forma artificial de pigmentar aves através da alimentação.

A maioria aceitava qualquer tipo de fruta ou vegetais mas eram terminantemente contra a utilização de concentrados. Nesta confusão, era difícil saber onde encaixar a pimenta vermelha. Era impossível impor uma regra e tudo isto só servia para instalar a suspeição e fomentar má vontade entre os criadores.

Ninguém admitia utilizar qualquer tipo de alimento colorante e algumas aves de qualidade extraordinária, mesmo que não fossem alimentadas de uma forma especial, eram impedidas de entrar em concursos, por serem suspeitas.

Noutros concursos, baseados na "honorabilidade" dos participantes, só as aves "preparadas" tinham hipóteses de vencer. Mesmo atualmente, o iniciado é deliberadamente enganado por alguns criadores. Num recente concurso de canários de cor eu ouvi um concorrente premiado, que compra grandes quantidades de concentrados químicos, dizer a um jovem aficcionado:

"Alimentos pigmentantes? Eu? Não, eu só utilizo verduras!".

Posso afirmar categoricamente que nos últimos vinte anos não houve um único canário de Fator Vermelho que tenha vencido um concurso de canários de cor, que não tenha sido alimentado com uma dieta colorante especial!.

Há muitos mitos a envolver a alimentação de canários de Fator Vermelho. Alguns entusiastas acreditam que os carotenóides irão afetar o fígado das aves, reduzindo-lhe de alguma forma a esperança de vida.

Isto não é, de todo, verdade. Vá até uma loja de produtos dietéticos e verá o B-Caroteno colocado num local de destaque, destinado ŕ alimentação humana.

O B-Caroteno é um antioxidante e pensa-se que desempenha um importante papel na prevenção e cura em processos de doença, incluindo o cancro.

O B-Caroteno é uma das substâncias mais importantes na alimentação colorante para canários de Fator Vermelho.

As substâncias utilizadas para melhorar a cor em aves de Fator Vermelho são classificadas como lipossolúveis (solúveis em gordura).

Como conseqüęncia disto, o seu organismo não dispőe de um mecanismo simples de remoção do que está em excesso. O uso de agentes promotores da cor melhora a aparência das aves e beneficia o seu estado de saúde.

No entanto, o seu uso indevido ou excessivo podem ser prejudiciais. As indicações relativas ŕs dosagens devem ser escrupulosamente seguidas. Como regra prática, qualquer das substâncias pigmentantes pode ser fornecido até que as fezes apresentem uma cor rosada. Este é um sinal de que a ave já atingiu o máximo de quantidade de pigmentante que consegue absorver e utilizar.

Infelizmente, muitos criadores recusam-se a ler ou a seguir as indicações. A água deve ser mantida sempre fresca, pelo que tem que ser mudada diariamente. Isto é duplamente verdade se a água contiver agentes pigmentantes.

A água pode estragar-se facilmente, se tiver substâncias pigmentantes dissolvidas e não for substituída frequentemente.

As substâncias químicas devem ser guardadas num local fresco, escuro e seco. Embora não as destrua, o calor, a luz e a humidade fazem com que as substâncias percam potęncia. Se forem refrigeradas, as substâncias podem durar para sempre, ou quase...

Não há uma idade mínima para começar a fornecer ŕs aves alimentos colorantes.

Fonte: Revista ABC junho 2005
Por Curtis Gulick

Alimentação Equilibrada



"Existe uma tendência dos criadores antigos, alimentarem as aves com o que Ihes apetecem, em vez de fazê-Io corretamente, de acordo com experi mentos desenvolvidos por órgãos de pesquisa.

Vários trabalhos têm comprovado que os pássaros não conseguem nu trir-se de acordo com as necessidades de seu organismo. Para efeito de exemplificação, podemos comparar a nutrição dos pássaros à de uma criança de menos de 3 anos. Se nós servir mos uma refeição com: carne, salada, frutas sorvetes, doces, bolos etc., po­deremos afirmar que a criança come rá doces, bolos e sorvete primeiro e cer tamente não comerá nada além de açú car e carboidratos.

A mesma situação poderá ocorrer quando nós oferecemos aos pássaros de gaiola, misturas de sementes ou qualquer outra combinação heterogénea de alimentos. Ela pega rá aquilo que melhor lhe convier (se mentes de girassol, amendoim) e des prezará os demais (espinafre etc.).

Ainda com relação aos fatores nutricionais, devemos dizer que a melhor consideração sobre a nutrição das aves em gaiolas é o uso necessário dos componentes nutricionais dos alimentos: vitaminas, minerais, proteínas aminoácidos), gorduras e carboidratos (energia).

Para fazer com que as aves rece bam quantidades adequadas desses nutrientes não é tarefa fácil para os nutricionistas, quanto mais para os criadores de um modo geral. Por exem plo:

A. Vitaminas
As vitaminas são os elementos mais comuns e onde se encontra mais carência nas dietas das aves em gaio las. Elas são necessárias para um cres cimento normal e para a transforma ção de energia e também para refazer o metabolismo. Podemos citar al­gumas das vitaminas necessárias e que devem ser incluídas nas dietas das aves em cativeiro:
Vitamina A, Tiamina, Riboflavina, Niacina, Piridoxina, Cianocobalamina, Biotina, Colina, Acido Eólico, Acido Pantotênico, D3, E e Vil. K.

B. Minerais
Os minerais também são essenciais para a saúde das aves, entretanto, não é muito considerado e até muitas vezes ignorado pelos "formuladores de dietas dos pássaros".
Os micros e macros minerais têm muitas e variadas funções e são tão importantes à vida como qualquer ou tra classe de nutrientes. Uma das funções dos minerais é na formação e de senvolvimento do esqueleto, regula o pH, a atividade osmótica e o transpor te de oxigénio.

Os minerais que devem ser incluí dos nas dietas das aves em gaiolas são: cálcio, fósforo, sódio, cloro, magnésio, potássio, manganês, molibdénio (xantina oxidase), zinco, ferro, cobre, selênio, iodo ele.

Experimentos
Trabalhos experimentais têm mostra do que quando pássaros alimentados com sementes e complementados com vitaminas solúveis em água, são sub metidos a exame clínico, essas aves apresentam deficiência crónica de um ou mais nutrientes, o que mostra é que o pássaro exibe sinais mais comuns de enfraquecimento em Vil. A, Vil. K, Cál cio ou proteína.

Atualmente entre os nutricionistas, é aceito que a diferença alimentar e a nutrição imprópria pode ser uma das causas predisponentes mais co muns para justificar morbidade nas aves de um modo geral.

Devemos salientar que o metabo lismo das aves é completamente diferente ao do mamífero (incluindo o homem). A taxa metabólica das aves é muito mais alta do que a dos ma míferos, desta forma, as aves reque rem uma quantidade elevada de energia, deficiências são refletidas muito mais rapidamente que nos ma míferos.

C. Aminoácidos
Os aminoácidos são a base de for mação das proteínas e são provavelmente, os nutrientes de maior impor tância da nutrição dos animais. No processo digestivo, as proteínas têm suas ligações quebradas e desdobra das em aminoácidos (base) na for­mação de proteínas, os quais, são, então, absorvidos e transformados em proteínas usadas pelo organismo.

Normalmente, a maioria dos aminoácidos, podem ser encontrados em quantidade suficiente nos alimen tos industrializados. Entretanto, quan do as aves em cativeiro alimentam se somente de sementes, certamente elas não receberão quantidades e qualidade de aminoácidos para sa tisfazer suas necessidades nutricionais. As pesquisas têm mostra do que a proteína de origem vegetal tem um valor biológico muito inferior a de origem animal (menor % de pro teína digestível).

Os aminoácidos têm diversas fun ções no metabolismo das aves, tais como: crescimento, manutenção, re produção, restauração, hormônios, síntese de enzimas e pigmentação das penas. Podemos dizer que exis tem quatro aminoácidos essenciais que devem estar presentes em quan tidade e qualidade adequadas na dieta dos pássaros mantidos em gai olas, são eles: metionina, lisina, triptofano e cistina.

D. Carboidratos
Nesta classe, podemos incluir os açúcares, amidos e fibra (celulose).

Os açúcares e amidos são fontes de energia primárias necessárias para proverem o alto nível de ener gia metabólica requerida pelas aves.

As fibras (celulose) são importan tes em funções próprias, no processo digestivo das aves. Nos pássaros ali mentados com sementes, a ingestão de fibra é infelizmente baixa, pois a camada fibrosa da semente está na casca, que geralmente não é ingerida pelos pássaros, sendo dei xada na gaiola como lixo.

E. Gorduras
Esse componente nutricional é também denominado de extrato etéreo. A gordura é um nutriente be néfico na dieta das aves, como fon te de energia e calor. Os ácidos graxos essenciais (base na formação das gorduras) são importantes na absorção de vitaminas lipossolúveis (solúveis em gordura). As sementes de girassol, açafrão e nozes são muito ricas em gordura, e ao mesmo tempo, bastante saborosas para as aves, fazendo com que as aves pre firam essas sementes a outras e des sa forma, ingerindo uma dieta desbalanceada nutricionalmente e muitas vezes ficando subnutrida (ex cesso de energia e baixos aminoácidos / vitaminas).

Após todo esse comentário nutricional, o nutricionista tem tam bém que estudar outros fatores que devem ser considerados para que se obtenha uma ingestão de nutrientes ideal.

1. Dieta deve ser balanceada nutricionalmente e estar sempre dis ponível.
2. Dieta deve ser palatável, ta manho e textura ideal.
3. Dieta deve ser ingerida pela ave.
4. Dieta deve ser ingerida (ingre dientes corretamente selecionados isentos de aflatoxina etc.)
5. Deve ser absorvida pelo orga nismo das aves.
6. Deve ser transportada e metabolizada.
7. Os ingredientes utilizados na dieta, devem ser controlados quanto a presença de fungos e qualquer agrotóxico.

Seguindo todos esses mandamen tos, o nutricionista com certeza pode rá solucionar o problema da grande quantidade de doenças nutricionais referidas, disfunção, comportamento e outras variadas condições, causa da na maioria das vezes por mistu­ras (receita~ de fundo de quintal) ali mentares. É de grande importância que o criador de pássaros em cati veiro saiba que uma nutrição não correta pode acarretar:

1-Perda de peso
2- Perda de revestimento das pe nas
3-Raquitismo
4- Prostração e deformidade do esqueleto
5-Articulações deformadas
6-Fraqueza muscular
7-Hipotireoidismo
8-Hipocalcemia
9-Esterelidade
10-Deformidade
11-Reprodução
12-Ovos quebradiços
13-Problemas com ovário, oviduto
14-Sinusite, faringite
15-Alterações no papo
16-Problemas Respiratórios
17-Alterações do sistema nervoso central
18-Câncer
19-Obesidade (alto açúcar, alta gor dura e baixa proteína)
20-Hepatose e outros

Após todos esses alertas aos nutricionistas, devemos salientar a importância e vantagens de termos uma ração formulada corretamente e de alta palatabilidade para as aves.

Benefícios das racões formuladas e peletizadas corretamente:

1. As rações peletizadas, são mis turas homogêneas, feitas de diferentes ingredientes analisados quimica mente e balanceados num completo formato nutricional. Esse é um concei to que vem sendo usado pelos pes quisadores e nutricionistas de todo mundo, para a alimentação de cães, gatos, coelhos, pequenos roedores, peixes, camarões, rãs etc.

2. As rações peletizadas são 100% aproveitadas, inclusive as fi bras, e resulta em muito menos per das, conseqüentemente, uma melhor conversão alimentar.

3. Uma boa ração peletizada é formulada, preparada, usando-se ingredientes de alto valor nutritivo (soja etc) e alta digestibilidade, de modo que o metabolismo das aves seja rá pido e eficiente.

4. Uma ração peletizada de qua lidade oferece um excelente controle nutricional para criadores e facilida des de mercado. Certifique-se da qualidade do produto.

5. As aves alimentadas com ra ções peletizadas podem, com frequência, ser tratadas pelo uso do peletesmedicados.

6. Este é o mais importante de to dos os itens:

"Não há necessidade de suplementação alimentar, porque já existem todas as vitaminas, minerais (macros e micros), aminoácidos e áci dos graxas essenciais etc., que são adicionados ao produto final". "

Fonte: Sérgio Marcondes César
Enge nheiro Agrônomo formado pela ESALQ e pH.D em Nutrição Animal pela Universidade da Flórida. Artigo publicado na Brasil Ornitológico nº 02 7992

20100806

Um olhar Sereno


"A internacionalização do canário Arlequim Português levou a que as encomendas que a cada ano são feitas aos nossos criadores por ingleses, italianos, brasileiros, franceses, belgas se elevem a dezenas de casais.

Nem sempre é possível dar resposta a esta grande solicitação enquanto os criadores portugueses não se decidirem pela sua criação em quantidade, aliada, claro está, à qualidade.

Todos conhecemos os grandes criadores de outras raças, entre nós. Glosteres, Yorks, Crestes, Frisados dão aos seus criadores bons lucros e, na sua maioria estes criadores não aderiram ao projecto do Arlequim Português.

Sabemos que os criadores mais destacados visam o lucro económico, sem o que a criação não é possível já que a alimentação e demais gastos são elevados.

Passarão, no fim da vida, sem outro lucro do que ganharem meia dúzia de tostões, ano após ano.

É pena porque constituem uma fatia importante de criadores portugueses que teimam em não querer ver que o Arlequim Português é uma realidade, que só um cego não quer ver.

As dificuldades na criação destes canários terminaram.

Hoje, só não dispõe de bons Arlequins quem não respeitar, nas suas selecções, as características da raça ou não souber proceder aos acasalamentos.

Um dos defeitos que tenho visto é a criação de exemplares não mosaico.

Uma ave sem branco, portanto sem mosaico, não é um Arlequim.

Como acontece com todas as raças de canários, cada criador tem de dar origem a uma linha de criação.

Quem estiver sempre à espera de comprar novos exemplares e não orientar o seu canaril de modo a dispor dos seus próprios reprodutores está condenado ao fracasso.

Isto passa-se com os canários de canto Harz como com os Glosteres ou os Yorks.

Em relação ao Arlequim, cada criador deve já dispor de uma selecção de reprodutores que lhe permita expor animais de boa estampa.

É aceitável que existam criadores em que a sua linha se encontre mais adiantada, mais seleccionada.

É por este motivo que alguns criadores ainda tiram uma percentagem de todos claros e todos escuros mais elevada que outros.

Isto porque, como temos escrito e divulgado, estas aves não devem ser utilizadas para reprodução.

Os reprodutores devem sempre ser escolhidos entre aves mescladas. De outro modo, o criador volta sempre ao princípio.

No que me diz respeito, posso afirmar que já obtenho uma muito baixa percentagem de aves totalmente claras ou escuras, isto porque há muito tempo não as uso para reprodução.

A necessidade de cada criador desenvolver a sua linha de criação é mal entendida entre nós, País que ganhou o hábito de, a cada ano, ir comprar aves ao estrangeiro o que significa que não somos capazes de manter as características de cada raça.

São tristemente famosos os portugueses como compradores de aves no estrangeiro, do que os criadores dos vários países, nomeadamente de Itália, tiram bom proveito. Felizmente que esta tendência está a ser modificada.

O grande perigo desta situação é que, a breve trecho, passarão os criadores portugueses a ter de comprar Arlequins em Inglaterra ou na Bélgica.

Nunca é demais repetir que a selecção e acasalamento tem de ter em linha de conta o standard da raça.

A atracção que estes canários exercem deve-se a vários factores entre os quais se destaca a sua rusticidade e facilidade de criação (são pais excelentes), a sonoridade do seu belo canto e a vontade constante de cantar, a sua vivacidade saltando de poleiro em poleiro além, claro está, da sua elegância e beleza de cores.

Podemos dizer que não é possível apontar qualquer defeito a este canário.

Não pode esquecer-se que é a raça mais jovem entre todos os canários.

Como acontece com outras raças, encontra-se em apuramento, desejando-se atingir o standard que permite atribuir os 93 pontos.

Também como acontece com todas as raças, este é um ideal que poucos exemplares atingem como se prova em cada exposição ou concurso em que a maioria dos pássaros expostos não passa dos 89 pontos.

A busca da perfeição é trabalho dos criadores e é por isso que existem os concursos. Se todos os pássaros fossem perfeitos, não haveria competição.

Felizmente, existem criadores do Arlequim que sabem o que estão a fazer, com total dedicação, mesmo com uma mística que garante o futuro deste belo canário.

De ano para ano, as visitas aos criadores do Canário Arlequim Português tornam-se mais encorajadoras.

Por um lado, aumenta o seu número, por outro as linhas de criação tornam-se mais precisas, há menos aves de segunda classe, o apuramento torna-se mais estreito e segundo as normas estabelecidas.

A crise originada pelo papão da gripe das aves prejudicou a aprovação da nossa raça pela C.O.M. visto que há 2 anos que não se realiza o Campeonato do Mundo.

Tudo se congrega para que o presente ano seja definitivo para a aprovação do Arlequim.

Como é sabido, exige-se que uma raça passe em três anos sucessivos para que seja aprovada em definitivo.

Está a Direcção do Clube a envidar todos os esforços para que a representação do Arlequim na Bélgica constitua a primeira fase, sendo a segunda em Itália e a terceira em Portugal, portanto em 2010, em Campeonatos Mundiais de anos sucessivos.

É grato registar o esforço do seu Presidente, Senhor Mário Costa, que vem desenvolvendo um trabalho notável de orgânica na obtenção de objectivos, com o apoio do Vice-Presidente da C. O.M., Dr. Paulo Maia, do próprio Presidente da Federação Portuguesa de Ornitologia, Eng. Rui Viveiros, e de toda uma equipa de tradicionais criadores e entusiastas, que todos conhecemos mas que aqui não referencio para não correr o risco de omitir nomes que merecem registo. Mas a História lhes dará o mérito.

A apresentação do Arlequim no Campeonato Mundial na Bélgica está a ser preparada com o máximo cuidado.

Para o efeito, são escolhidos e seleccionados exemplares de vários criadores, com características semelhantes de modo a uniformizar a amostra que seguirá para a Bélgica em Janeiro de 2008.

Assim, estarão também presentes em Regea Emilia a fim de os criadores que afluem anualmente a esta exposição entrem em contacto com os belos exemplares de Arlequim que tanto entusiasmam quem tem oportunidade de os observar.

É bom notar que muitos criadores dizem que quando convidam alguém, criador ou não, para visitar as suas instalações de criação, são os Arlequins que chamam a atenção pelo variado da cor, pela vivacidade e pela alegria do conto, deixando no visitante uma nota altamente positiva sobre esta raça.

Toda a orgânica da apresentação internacional do Arlequim resulta de um trabalho meditado e perseguido, não deixando nada ao acaso.

É bom lembrar que, no Campeonato do Mundo realizado na Alemanha, o Arlequim não passou por apenas um ponto o que constituiu, sem dúvida uma vitória.

Além disso, significa que muitos dos Juizes estrangeiros já entenderam que estão perante uma raça belíssima, que dá um ar de frescura e renovação à Canaricultura, que se tornou tão repetitiva, com exposições de filas de canários que aos olhos dos visitantes são iguais.

O Arlequim, para além da sua própria vivacidade, apresenta uma variedade de cores que chama a atenção do visitante.

O Arlequim tem hoje um lugar destacado entre os criadores portugueses de Norte e Sul de Portugal.

Serão estes que, no futuro, e quando a raça for aprovada, depois de ter vencido todas as dificuldades e mesmo a incompreensão e até hostilidade dos seus compatriotas, irão fornecer exemplares a todo o Mundo, mesmo aos tais que não souberam ultrapassar a vaidade pessoal e o despeito por nunca terem dado mais contribuição para a Ornitofilia do que importar e criar repetidamente raças já estabelecidas, esquecendo que, quando está em causa o nome de Portugal, nos devemos juntar, unindo forças em vez de tentar enfraquecer a força dos que têm ânimo e força de vontade, desde a primeira hora.

O historial é bem conhecido, não vale a pena ser repetido mas é bom lembrar que foram horas de inventiva, de esperança, de frustração quando os exemplares não saíam como era pretendido, de alegria e júbilo ao ver a raça exposta pela primeira vez, ao cabo de 10 anos de secreta gestação, timidamente, apenas quatro exemplares suspensos em pequenas gaiolas, num recanto da Exposição, no Jardim Zoológico de Lisboa, a que apenas um Juiz, seja dito, teve coragem de dar o seu nome, que todos conhecemos: Jorge Mano.

Como foi grato saber, depois, que muitos criadores portugueses aderiram e apoiaram o projecto. Quantas alegrias, quantas horas pensando na melhor maneira de seleccionar, outras divulgando as características junto dos criadores, quantas tentativas sem resultado, mas sem desistência perante esses pequenos insucessos.

Como se procurou estabelecer judiciosamente um standard, como se elaboram os primeiros Boletins e distribuíram por todo o País, hoje verdadeiros exemplares históricos da nossa Ornitologia.

Como se organizou o Clube a partir do nada, pelo simples contacto com amigos criadores. Como foi sentido com alegria e amizade (que nunca esquecerei) o companheirismo e a adesão dos criadores apoiantes e, por outro lado, como estão esquecidos os ataques dos menos esclarecidos que nem por ser uma raça portuguesa tiveram uma palavra de apoio, antes procuraram torpedear, com os olhos postos, não no futuro, mas numa visão acanhada e curta das ambições da Ornitologia portuguesa.

Como se defendeu, com unhas e dentes, em Colóquios, reuniões com o Colégio Português de Juizes, como, enfim, tudo se foi realizando, pedra sobre pedra, desenhando um futuro que agora é presente. Como reli, com um júbilo bem português, artigos publicados em revistas estrangeiras e como foi seguida toda a prudência, sem alardes mas também sem falsas modéstias, para que a saída para o estrangeiro só fosse permitida após a fixação mais segura da raça.

Daí a organização do Clube, apertando contra o peito os amigos criadores, os que aderiram sem inveja nem evasivas, com palavras de entusiasmo mas também, no íntimo da minha casa, agradecendo-lhes de modo surdo, apenas em espírito, a sua adesão e encorajamento.

Nunca saberão o quanto lhes agradeci nesses momentos de meditação o isolamento e como continuo a agradecer.

Quem visitar a sede do Clube, à Rua Ferreira Cardoso 85 – Porto, na residência do actual Presidente, pode ver nas paredes quadros ampliados das fotografias obtidas dos primeiros Arlequins, a que me prendem saudades de um tempo tão prometedor e de alegre ansiedade.

Lembro esses primeiros exemplares que já nos deixaram, como se fossem pérolas da minha memória.

Tais fotos, correram Mundo, foram exibidas em revistas e jornais e os protagonistas, os canários que lá figuram permanecerão na minha alma enquanto for vivo. Pertencem a um passado grato e feliz.

A nível internacional, a sua difusão é também cada vez maior, não só no que respeita à criação mas também a artigos de revistas. Esta raça vem resolver algumas questões e interrogações a que a Canaricultura de um modo geral não sabia responder, como se pode ler no artigo que vem a lume na conceituada revista belga Le Monde des Oiseaux.

Com a aprovação da raça, volta-se uma página importante da Ornitocultura portuguesa."

Prof. Dr. Armando Moreno
(Presidente Honorário do C.C.A.P.)

Generalidades - Arlequim


"O canário Arlequim Português é, essencialmente, um canário de desenho, polícromo, vivo, rústico, alegre, que mantém a tradição da variedade de desenho, que existiu sempre nos ancestrais criados pelos passarinheiros.

No caso de vir a ser aprovado pela COM creio que deverá ser incluído numa secção próxima do Lizard, mas a decisão final terá de ser do Clube de Juízes.

As exigências dos concursos e o desejo de dar origem a raças sofisticadas, quer no porte, quer no canto, quer na cor, conduziu ao desaparecimento do canário vivo e alegre que se criava entre os amantes do animal em si e que cativava as pessoas em geral que desejavam apenas ter em sua casa um canário para cantar.

Muitos dos animais altamente classificados dos dias de hoje são pássaros tristes, deformados, diríamos quase estropiados, quando não votados ao enclausuramento em gaiolas minúsculas, vivendo no escuro, o que conduz ao canto dito suave que, na verdade, mais parece um canto triste.

Em reacção a esta situação, os criadores espanhóis seleccionaram o Timbrado, de canto vibrante, mas não atenderam, neste canário, à plumagem.

É curioso observar como algumas raças de canários deixam transparecer de modo significativo o carácter das populações que os criaram: O Frizado Parisiense parece conter em si uma bailarina de Can-Can.

Por sua vez o Yorkshire representa a distinção do lord inglês.

Ao alemão assemelha-se o canário do Harz, resultado de uma disciplina rigorosa, assumida em escolas alinhadas, como os elementos de um exército.

O Timbrado reflecte o folclore espanhol, com as suas castanholas.

Em Portugal, mercê das características da população, rústica, avessa a racismos e, ao contrário, mais dada a fusão das raças, criou-se um canário de cores múltiplas, vivo, alegre.

É o Canário Arlequim Português.

Deve notar-se que esta raça permite uma variedade de desenhos que tornam a sua criação fascinante pelo imprevisto e impede a monotonia que outras raças de cor imprimem às exposições onde são apresentadas centenas de aves todas iguais, com pequenas diferenças, só reconhecíveis por especialistas."

Fonte: Professor Dr. Armando Moreno

Canário de Forma e Postura - Arlequim


"A divisão das raças de canários em canários de cor, de canto e de forma e postura é puramente artificial.

Não são apenas os chamados canários de canto que cantam, não são apenas os de cor que têm cor e não são apenas os de forma e postura que se comportam de uma dada maneira no poleiro.

Trata-se, por isso, de uma divisão que serve os interesses da Ornitofilia mas está longe de corresponder a bases científicas.

Este fato vai ainda mais longe visto que, dentro dos canários de cor a divisão entre lipocrómicos e melânicos é também artificial e sem base científica: o próprio canário selvagem possui pigmentos melânicos e pigmentos lipocrómicos.

Seja como for, o certo é que, a nível mundial, quem fala em canários de posição e postura é entendido entre os criadores e quem fala em canários de cor ou de canto também.

Isto porque das várias raças de canários de canto exige-se que tenham uma maneira específica de cantar e que os de cor possuam determinadas características.

Deste modo, o canário de forma e postura prevê que a sua forma é específica e que a sua posição no poleiro é também especial.

O problema da forma exige estudos importantes, visto que nada se sabe da relação entre as várias partes do corpo das aves. Na natureza existem aves de pescoço longo e de pescoço curto, como aves de corpo largo e de corpo delgado.

Não acontece o mesmo nas canários, visto que, de um modo geral, as aves de corpo largo possuem cabeça e pescoço largo, enquanto os canários alongados possuem cabeça estreita e pescoço longo.

Deixaremos este tema para outros artigos e centremo-nos no problema das postura.

O modo como o canário se equilibra no poleiro coloca problemas tão profundos que não será possível expô-los num só artigo.

As variáveis são tantas que temos de eliminar algumas para colocarmos o problema de modo adequado.

Por tal motivo, procurei a colaboração de um engenheiro biólogo.

A grande questão é a seguinte: o que faz com que uma ave se coloque mais vertical ou mais horizontal no poleiro?

Todos sabemos que o periquito australiano se mantém quase vertical no poleiro e que o canário do Harz canta quase em posição horizontal.

Como dissemos, muitas variáveis se encontram em conflito: esqueleto, músculos, formato do corpo da ave, entre outros.

Existe ainda um elemento importante a tomar em linha de conta: o hábito ou o treino.

Na verdade, enquanto os criadores de canários de postura mais vertical, como è o caso do Yorkshire treinam as aves colocando cartões em volta da gaiola para que a ave se estique para espreitar para fora, os criadores de canários de Harz colocam cartões no teto da gaiola para a ave se colocar o mais horizontal possível, com a intenção de emitir notas graves, as mais apreciadas.

O estudo da posição dos canários no poleiro passa pela observação de vários fatores e pode ser feita através de algumas vias.

Assim, pode promover-se o estudo através do esqueleto das diferentes raças, observar a posição de outras aves na Natureza ou, mais sofisticado, estudar o modelo no computador.

Para o primeiro estudo montamos esqueletos de Yorkshires e de canários de cor a fim der estudarmos a sua posição no poleiro.

A fim de estabelecermos um programa de computador, promovendo a realização de um modelo biológico, simplificamos, numa primeira abordagem do estudo da posição dos canários, as várias e focalizamos a atenção no esqueleto.

Sabemos que as aves da canela alta têm tendência para a verticalização.

Façamos uma breve revisão anatômica:

O esqueleto do membro inferior do canário e das aves em geral não é constituído como o dos mamíferos. O que parece ser a perna (que aparece desplumada) é ainda parte do pé; os dois primeiros ossos do pé estão fundidos num osso único a que se chama canela.

Assim, nas aves como o canário, existem 3 dedos anteriores e 1 posterior; segue-se a canela, depois a perna, depois a coxa que se articula nos ossos da bacia.

Deste modo, temos a considerar um ângulo entre os dedos e a canela, outro entre a canela e a perna, outro entre a perna e a coxa e, por fim, a articulação entre a coxa e o corpo.

Todo este complexo interfere na posição da ave quer pelos ângulos formados. Quer pelo comprimento dos segmentos.

De todos estes elementos, o que se afigura de estudo mais importante é o comprimento da canela que, como se sabe, varia segundo as raças.

Assim, o modelo que estudamos conta com duas variantes: o comprimento da canela e formato do corpo.

Este estudo, que parece muito teórico, é de grande importância para a afirmação da forma e posição da várias raças de canários e o Arlequim é, sem dúvida, uma ave ideal para este estudo, visto que se deseja que seja uma ave de canela alta e corpo ereto, mais de acordo com os antigos canários criados pelos portugueses.

Esta forma, associada à poupa dá à ave uma sobranceria e vivacidade inigualáveis.

Enquanto são feitos estes estudos, o que podemos aconselhar aos criadores é que selecionem aves de canela alta o que, sem constituir uma garantia de bons exemplares fornece já um elemento importante para a as criações futuras.

A seu tempo, a revista Arlequim fornecerá elementos sobre estas experiências. "

Autor: Prof. Dr. Armando Moreno

Diferente de todos os outros

Campeão na Exposição do COA - Antuã 2009 com 90 Pontos - ave nossa

"Oriundas das ilhas Canárias, da Madeira e dos Açores, as várias espécies de canário estão disseminadas em todo o mundo, sendo bastante comuns entre nós, já desde há muitos séculos.

Porém, a história do Canário Arlequim Português, a única raça 100% nacional, é relativamente recente.

O padrão da raça foi desenvolvido de forma mais sistemática após a década de 80 e no que respeita ao reconhecimento oficial, a sua homologação aconteceu em Portugal apenas em 2000, já no século XXI.

A Cores

Quando se pensa em canários, duas cores saltam à memória: o amarelo e o cor-de-laranja.

Para conhecer o Arlequim Português há que esquecer tudo o que genericamente é tido como certo acerca de canários. Falamos de uma ave muito especial, de tipo rústico, corpo longo e esguio, de cabeça estreita.

Estes canários, inicialmente combinavam o amarelo com o verde ou o branco com o cinzento, mas, mais recentemente, já contemplam o bronze, o laranja, o amarelo e o castanho, este último na zona do dorso.

Da soma destas partes fica a imagem de um canário esbelto e muito alegre, o que é indiscutível ao observar-se a vivacidade da sua expressão e ao ouvir-se o seu canto, ou não fosse ele uma ave canora.

Poupa

Peculiar, original e único.

Assim é um dos traços do Canário Arlequim Português que não escapa nem à primeira vista: a sua poupa no topo da cabeça.

Trata-se de um fenómeno mutante que se tornou comum e o qual se pretendeu fixar como um dos factores distintivos do Arlequim.

O seu preço varia consoante apresenta mais ou menos traços do padrão da raça, podendo, por isso, ir dos dois aos três dígitos.

Apesar de jovem a raça cativou inúmeros adeptos, mas mesmo quem não é fã não fica indiferente a este canário coroado."

A fonte: Revista "INSTINTO"

A Cor dos Canários

Campeão na 1ª Exposição Portas do Minho e 4ª CCAP 2009 com 93 Pontos - ave nossa


Aspectos do Estudo da coloração das Aves através do Canário Arlequim Português

"O canário Arlequim Português não é apenas a primeira raça portuguesa de canários.

Além de ser uma ave esbelta, que todos admiram, contém em si surpreendentes dotes que permitem proceder a vários estudos científicos de conseqüências práticas na criação de todos os canários.

Entre essas características foram selecionadas três: o estudo da distribuição das cores melânicas nas penas dos serinus, trabalho já executado, o estudo da origem e genética da poupa, que está a ser realizado presentemente e, por último, o estudo da relação de tamanho entre a cabeça e o corpo dos serinus, estudo importante para a obtenção de poupas mais exuberantes.

Destes três estudos, o primeiro está concluído e o segundo, a origem e genética da poupa, encontra-se em realização.

No presente número daremos conta dos resultados obtidos sobre a distribuição das cores melânicas.

O estudo da coloração das aves divide-se em duas grandes áreas:

1 - Distribuição da coloração de cada indivíduo

2 - Transmissão das características da pais para filhos (Genética)

Por sua vez, a distribuição da coloração tem de atender a duas situações:

1.1 - Distribuição nas penas

1.2 - Distribuição somática, isto é, no corpo da ave.

A distribuição na pena não é a mesma consoante se consideram as remiges (penas grandes das asas), as rectrizes (penas grandes da cauda) ou as tectrizes (penas pequenas do corpo).

Nestas últimas, responsáveis pela coloração do corpo da ave, tem de se considerar três zonas fundamentais:

1 - Zona profunda

2 - Zona superficial

3 - Zona acrescentada

Esta última não existe em todas as aves.

As características destas zonas dependem de fenómenos de natureza química que não cabe aqui desenvolver.

Também a visualização das cores depende de factores de origem física, reflexão e refracção da luz que não interessa ao nosso estudo.

A zona profunda é a mais estável e é geneticamente fixa, não ligada ao sexo.

Daí que surja clara em todas as aves lipocrómicas e escura em todas as aves melânicas.

Deve referir-se que em certas aves lipocrómicas, surgem manchas escuras que podem atingir apenas a zona profunda, surgindo, por isso, ao levantar as penas claras, um fundo escuro.

A zona superficial varia com a pigmentação e é responsável mais directa pela coloração da ave.

A zona acrescentada só surge em aves diluídas (schimmel) visto que as intensivas não a possuem.

É também uma característica de transmissão genética e, originariamente, no que respeita aos serinus, não ligada ao sexo, determinando o surgimento de duas grandes divisões:

1 - Aves de plumagem intensiva

2 - Aves de plumagem diluída


Mais tarde, com a introdução do hibridismo através do Cardinalito da Venezuela (Spinus cuculatus) fixou-se uma terceira situação: o mosaico.

As características de cada uma destas situações são conhecidas.

O quadro fica assim estabelecido:

1 - Aves de plumagem intensiva

2 - Aves de plumagem diluída

3 - Aves de plumagem mosaico ou dimórficas

Como se sabe, inicialmente só as fêmeas transmitiam a característica mosaico.

Mais tarde, passou para os machos, mas a distribuição das manchas ficou sempre ligada ao sexo, embora existam exemplares de grande aproximação de desenho.

Mais tarde surge o mosaico novo tipo e por fim mudou-se o nome para dimorfos.

Ainda em relação à distribuição da coloração da pena, deve considerar-se que a existência das duas ou três zonas é de transmissão genética no que refere à zona profunda que, como vimos, é a mais fixa.

O desaparecimento total de pigmentação nesta zona só surge em animais lipocrómicos mas deve ter-se em atenção que a despigmentação total só se verifica nas aves com olhos vermelhos.

Na verdade, um canário branco de olhos escuros é entendido pelos hibridologistas como uma ave mesclada visto que apresenta melanina nos olhos.

Daí os criadores de híbridos de pintassilgo que procuram híbridos claros terem de fazer cruzamentos com canárias de olhos vermelhos.

No entanto, deve assinalar-se, que não existem aves sem pigmentos, porque esta situação é incompatível com a vida.

O sangue possui um pigmento, a hemoglobina, indispensável à oxigenação.

Por outro lado, certos pigmentos gordos (lipocromos) são pré-vitaminas, isto é dão origem a vitaminas, essenciais à vida, sem as quais os animais superiores não podem viver.

É por isso que, numa fase de desenvolvimento em que não há ainda chegada de pigmentos alimentares, tem de existir uma substância amarela à disposição; é o que se passa no ovo.

Toda a gente sabe que a gema do ovo é amarela; mas porquê?

Nunca poderia ser branca sob pena de a ave não se desenvolver por falta de pigmentos.

Como é sabido, a despigmentação da zona superficial da pena foi obtida pela primeira vez por mutação do canário do Harz, resultado de um in breeding apertado, visto que este tipo de criação é o ideal para a selecção do canto.

Sabe-se que o acasalamento de aves sucessivamente mais escuras origina, subitamente, uma despigmentação que originou o Opal.

Embora se aceite que o Ágata resultou de uma primeira diluição pelo mesmo processo, há quem pense, devido à existência do bigode, que foi obtido através de cruzamento com o Canário de Moçambique ( Serinus moçambicus).

A mutação da pigmentação melânica tem impedido a obtenção do canário totalmente negro, que só poderá conseguir-se por hibridação.

Como vimos, a distribuição do mosaico é fixa, isto é, os genes que transmitem esta característica encontram-se situados sempre nos mesmos locais da cadeia genética, sendo diferente no cromossomo X e no cromossomo.

Ora a distribuição do mozaico não afecta só a zona acrescentada da pena, arrastando também a zona superficial lipocrómica que, deste modo, é também uma zona geneticamente fixa.

O mesmo não se passa em relação à distribuição dos genes de fixação melânica que, pela sua constituição química, não são condicionados pela zona acrescentada da pena.

Deste modo, uma ave mesclada apresenta-se ou toda diluída ou toda intensiva, independentemente das zonas do corpo serem pigmentadas ou não.

Como resultado, as zonas de pigmentação melânica não são fixas, nem geneticamente nem fenotipicamente.

O que pode fixar-se, por seleção de criações sucessivas, é o número de manchas pigmentadas e a sua área, mas esta característica nunca é ligada ao sexo.

Como a maioria das características variáveis, também esta pode ser fixada ao cabo de muitos anos de seleção.

É por este motivo que as aves selvagens, como o canário de Moçambique, têm o desenho e distribuição das melaninas em locais determinados do corpo.

A Natureza teve milhões de anos para estabelecer o genótipo.

Daí que a fixação das manchas ou mesmo o seu aparecimento pode surgir pelo cruzamento de um pássaro melânico com um lipocrómico, como sucede freqüentemente, aparecendo nas feiras pássaros que parecem da linha do Arlequim.

Só que perdem as suas características numa segunda geração visto que não há alteração genética.

É necessária uma seleção continuada para se fixarem as características melânicas.

Devido às dificuldades de fixar o local da pigmentação melânica é que foi abandonada a criação de aves simétricas.

Ora no Arlequim não é exigida esta característica: é uma ave em que a pigmentação lipocrómica é fixa mas na pigmentação melânica não são exigidos locais fixos; porém tem genes específicos de quantidade e área, que podem ser fixadas.

Esta é a grande chave da criação do Arlequim.

A labilidade dos genes melânicos faz aparecer, em certas aves claras, zonas escuras, sobretudo na cabeça, por herança genética do cardinalito da Venezuela.

São as melhores aves para reprodução visto que se encontram geneticamente mais próximas do mosaico original.

Por outro lado, foram as características referidas dos pigmentos melânicos que permitiram a criação de mosaicos escuros.

Também surgem aves mosaico com manchas escuras na camada profunda das penas, resultado da heterogeneidade da localização melânica.

Até há algumas décadas, pensava-se que a constituição genética era imutável até que Bárbara Maclintok, prémio Nobel da Medicina, descobriu, estudando a reprodução do milho, que é possível interferir na organização genética, mudando os genes, retirando uns, colocando outros.

A prática confirmou esta grande descoberta, sendo hoje utilizada na cura genética de várias doenças.

No que refere às aves, existem aves assimétricas (Diamantes de Gold, Mandarins, Canários mosaico...) que resultam da combinação anormal dos genes, sendo uma metade do corpo de um sexo (XX) e a outra metade do outro (XY) sexo.

Vale a pena referir, neste estudo, o caso do Canário de Poupa Alemão.

Trata-se, como é sabido, de um canário de porte mas que não admite mistura de lipocrómicos e melânicos, tendo a ave de ser uniforme, sem manchas, o que não acontece com outras raças de porte.

O Arlequim vem desfazer este anacronismo, permitindo a criação de aves variegadas muito belas.

Como vemos, a criação do Arlequim não tem só como finalidade a criação de um raça portuguesa de canários:

ele permite alargar os estudos genéticos de um modo que nunca tinha sido conseguido até agora.

Senão, vejamos:

O estudo da distribuição das cores melânicas e lipocrómicas só pode ser feito, na sua total complexidade, no Arlequim Português, já que só nesta ave existe a mistura de cores que permitam esse estudo.

Dos estudos que levei a efeito obtive as seguintes conclusões, acerca de deposição de manchas melânicas nos fringilídeos:

1 - As penas claras têm tendência para surgir na cauda

2 - As penas escuras têm tendência para surgir na cabeça

3 - A distribuição no ventre, quando há penas escuras é: alto ventre mais escuro, baixo ventre mais claro

4 - Tendência às remiges da ponta das asas mais clara e as internas mais escuras.

5 - Existem locais naturalmente ligados à coloração melâmica: os olhos

6 - Existem locais em que surge com maior freqüência a lipocromação: cauda

7 - Existem locais de mistura lipo e melânica: escamas das patas, unhas, bico.

8 - Passando do animal melânico para sucessivamente mais lipocrómicos a evolução é:

Bico: negro passa a claro com traços de lápis, passa a claro

Patas: negro, passa a malhado, passa a clara

Penas: predominância melânica passa a equilibrado, passa a predominância lipocrómica.

Nesta modificação a primeira a perder o melânico é a cauda e a última o topo da cabeça. (faz-se exceção ao Lizard que foi selecionado noutro sentido)

9 - A localização melânica e lipo é de localização independente, não interferindo uma com a outra.

Este estudo foi efetuado através da criação do Canário

Arlequim Português ao longo de 11 anos, com cruzamento de canários entre si e do seu cruzamento com o Cardinalito da Venezuela, canário de Moçambique, e com o cantor de África.

Observei, ainda, 1. 800 aves, incluído canários e seus híbridos.

No próximo número serão expostos os princípios teóricos dos estudos que estamos a levar sobre a origem e genética da poupa, através de cruzamentos de que já obtive os primeiros exemplares.

Aspectos do estudo da Origem e Genética da Poupa das aves através do Canário Arlequim Português

Conforme prometemos no N.º 3 da revista O Arlequim, vamos proceder neste artigo ao estudo dos fenómenos relacionados com a poupa.

Tendo sido aprovado o canário Arlequim pela Comissão

Técnica de Canários de Porte do Colégio Português de Juizes de Ornitologia, presta-se esta ave ao estudo genético e propedêutico desse fenómeno mutante a que chamamos poupa.

Encontra-se envolvido em mistérios e em mitos, nomeadamente em relação ao factor letal.

Entre muitas outras questões que o fenómeno levanta surge a pergunta: porquê a poupa é um factor letal e o frizado não?

Algumas considerações

O primeiro facto que nos chamou a atenção foi o facto de não existir na Natureza nenhuma poupa com as características das poupas dos canários que, como é sabido, desenvolvem-se a partir de um ponto central ou de um risco, donde partem centrifugamente.

A este dado soma-se outro não menos espectacular: as poupas das aves cultivadas pelo Homem são todas deste tipo: canários, bengalins, mandarins e periquitos ondulados possuem poupas de formato atrás referido.

Poderemos dizer que existem ligeiras alterações, como é o caso do antigo Lancashire, mas as fugas são de pouca monta em relação a nosso estudo.

Destes dois elementos surgem algumas importantes dúvidas: o que vem a ser a poupa dos canários?

Do ponto de vista morfológico é fácil responder à questão e todos sabemos como ela pode apresentar-se.

Os criadores entendem que, se não for regular, como acima descrito, é defeituosa.

Dizem defeituosa porque não obedece aos cânones estabelecidos.

Do ponto de vista microscópico e histológico é constituída por um redemoinho de penas que emergem obliquamente em relação à superfície da pena o que, aliás, ocorre também no cabelo humano:

os cabelos lisos emergem perpendicularmente à superfície do couro cabeludo e os ondulados ou as carapinhas emergem obliquamente.

Mas o que faz surgir esta alteração da direcção das penas?

Eis a questão.

Trata-se apenas de uma variedade, ou de uma anomalia, ou de uma doença?

Está largamente divulgado o efeito letal do gene poupa.

Interessa, num estudo sério, partir de todas as dúvidas.

A maioria dos livros aceitam a tradição de que acasalando poupa com poupa manifesta-se o efeito letal.

Mas muitos escritores confessam que não têm experiência pessoal e muitos criadores dizem o mesmo.

Aceitam, porque é tradicional.

Álvaro Rebelo refere que há vários anos acasalou dois Gloster corona porque não dispunha de momento de uma ave consorte para acasalar.

Nasceram aves de poupa irregular.

Também um criador de Setúbal, refere que acasalou bengalins de poupa com bengalins de poupa com bons resultados.

Diz-se que o Lancashire inicial desapareceu por causa da poupa, pondo de parte a dificuldade da sua ciração e fraqueza devido ao grande porte e mesmo aos factores das duas Grande Guerras que, como é sabido, quase faziam desaparecer o Lizard.

A poupa é tida como culpada de tudo.

Decidi, por isso, iniciar uma pesquisa a partir do zero, acasalando aves de poupa com aves de poupa:

canários, bengalins, mandarins e periquitos ondulados.

O que é mais estranho é que o mesmo efeito, resultado do redemoinho da origem das penas, só é tido como letal na poupa porque em relação ao frizado, que tem origem semelhante, não é entendido como letal.

Entretanto estudei algumas hipóteses teóricas devido ao facto de dispor de uma canária que, acasalada com vários machos sem poupa, só me deu filhos com poupa.

A partir das leis de Mendel, e pondo de lado os casos que não dizem respeito ao que nos interessa, vejamos as hipóteses:

Partimos da hipótese de aves com factor dominante, sem factor letal. Como é sabido, as aves com fenotipo X podem resultar:

1 - de dois progenitores X (homozigóticos)

2 - de um progenitor X (dominante) e um progenitor Y (recessivo) (heterozigóticos)

Temos, portanto, que uma ave de fenotipo X pode resultar do acasalamento de homozigóticos (caso 1) ou do acasalamento de aves heterozigóticas (caso 2)

No caso de existir um factor letal:

É geralmente aceite que do acasalamento de duas aves com factor letal resulta:

25% de aves inviáveis (A)

50% de aves com fenótipo dominante mas heterozigóticas (B)

25% de aves com fenótipo recessivo (C )

A partir destes conhecimentos podemos trabalhar quer com as aves de fenótipo dominante quer com as aves de fenótipo recessivo.

Assim:

Acasalando B com B, obtemos o mesmo esquema já referido, de onde se seleccionam apenas as aves B.

Só que este acasalamento é diferente do primeiro porque resulta de aves B com B.

Repetindo com os filhos e assim sucessivamente, vamos tornando o fenótipo cada vez mais aproximado do ponto de vista genotípico.

Acasalando C com C só podemos obter aves C.

No caso que nos interessa, isto é, o estudo das poupas, estamos a proceder, em 1999, ao acasalamento de aves poupa com poupa pela primeira geração (canários, bengalins e mandarins).

Dos nascidos, acasalaremos sempre, em futuras gerações, poupa com poupa e sem poupa com sem poupa.

Terminada a época de criação de canários podemos afirmar o seguinte:

De um casal A de canários obtivemos duas criações com o seguinte resultado:

1ª criação – 5 ovos todos cheios de que nasceram 5 aves, 3 com poupa e 2 sem poupa.

2ª criação – 5 ovos todos cheios de que nasceram 5 aves, 3 com poupa e 2 sem poupa.

Desta experiência, que foi iniciada já tarde em relação às criações deste ano, concluímos que todos os pássaros são viáveis e sem deformidades.

Entretanto aguardamos os resultados entre os bengalins e os mandarins e prosseguiremos com as experiências com os canários no próximo ano.

O Arlequim – Canário de Forma e Postura

A divisão das raças de canários em canários de cor, de canto e de forma e postura é puramente artificial.

Não são apenas os chamados canários de canto que cantam, não são apenas os de cor que têm cor e não são apenas os de forma e postura que se comportam de uma dada maneira no poleiro.

Trata-se, por isso, de uma divisão que serve os interesses da Ornitofilia mas está longe de corresponder a bases científicas.

Este fato vai ainda mais longe visto que, dentro dos canários de cor a divisão entre lipocrómicos e melânicos é também artificial e sem base científica: o próprio canário selvagem possui pigmentos melânicos e pigmentos lipocrómicos.

Seja como for, o certo é que, a nível mundial, quem fala em canários de posição e postura é entendido entre os criadores e quem fala em canários de cor ou de canto também.

Isto porque das várias raças de canários de canto exige-se que tenham uma maneira específica de cantar e que os de cor possuam determinadas características.

Deste modo, o canário de forma e postura prevê que a sua forma é específica e que a sua posição no poleiro é também especial.

O problema da forma exige estudos importantes, visto que nada se sabe da relação entre as várias partes do corpo das aves.

Na natureza existem aves de pescoço longo e de pescoço curto, como aves de corpo largo e de corpo delgado.

Não acontece o mesmo nas canários, visto que, de um modo geral, as aves de corpo largo possuem cabeça e pescoço largo, enquanto os canários alongados possuem cabeça estreita e pescoço longo.

Deixaremos este tema para outros artigos e centremo-nos no problema das postura.

O modo como o canário se equilibra no poleiro coloca problemas tão profundos que não será possível expô-los num só artigo.

As variáveis são tantas que temos de eliminar algumas para colocarmos o problema de modo adequado.

Por tal motivo, procurei a colaboração de um engenheiro biólogo.

A grande questão é a seguinte:

o que faz com que uma ave se coloque mais vertical ou mais horizontal no poleiro?

Todos sabemos que o periquito australiano se mantém quase vertical no poleiro e que o canário do Harz canta quase em posição horizontal.

Como dissemos, muitas variáveis se encontram em conflito:

esqueleto, músculos, formato do corpo da ave, entre outros.

Existe ainda um elemento importante a tomar em linha de conta: o hábito ou o treino.

Na verdade, enquanto os criadores de canários de postura mais vertical, como è o caso do Yorkshire treinam as aves colocando cartões em volta da gaiola para que a ave se estique para espreitar para fora, os criadores de canários de Harz colocam cartões no teto da gaiola para a ave se colocar o mais horizontal possível, com a intenção de emitir notas graves, as mais apreciadas.

O estudo da posição dos canários no poleiro passa pela observação de vários fatores e pode ser feita através de algumas vias.

Assim, pode promover-se o estudo através do esqueleto das diferentes raças, observar a posição de outras aves na Natureza ou, mais sofisticado, estudar o modelo no computador.

Para o primeiro estudo montamos esqueletos de Yorkshires e de canários de cor a fim der estudarmos a sua posição no poleiro.

A fim de estabelecermos um programa de computador, promovendo a realização de um modelo biológico, simplificamos, numa primeira abordagem do estudo da posição dos canários, as várias e focalizamos a atenção no esqueleto.

Sabemos que as aves da canela alta têm tendência para a verticalização.

Façamos uma breve revisão anatômica:

O esqueleto do membro inferior do canário e das aves em geral não é constituído como o dos mamíferos.

O que parece ser a perna (que aparece desplumada) é ainda parte do pé; os dois primeiros ossos do pé estão fundidos num osso único a que se chama canela.

Assim, nas aves como o canário, existem 3 dedos anteriores e 1 posterior; segue-se a canela, depois a perna, depois a coxa que se articula nos ossos da bacia.

Deste modo, temos a considerar um ângulo entre os dedos e a canela, outro entre a canela e a perna, outro entre a perna e a coxa e, por fim, a articulação entre a coxa e o corpo.

Todo este complexo interfere na posição da ave quer pelos ângulos formados.

Quer pelo comprimento dos segmentos.

De todos estes elementos, o que se afigura de estudo mais importante é o comprimento da canela que, como se sabe, varia segundo as raças.

Assim, o modelo que estudamos conta com duas variantes: o comprimento da canela e formato do corpo.

Este estudo, que parece muito teórico, é de grande importância para a afirmação da forma e posição da várias raças de canários e o Arlequim é, sem dúvida, uma ave ideal para este estudo, visto que se deseja que seja uma ave de canela alta e corpo ereto, mais de acordo com os antigos canários criados pelos portugueses.

Esta forma, associada à poupa dá à ave uma sobranceria e vivacidade inigualáveis.

Enquanto são feitos estes estudos, o que podemos aconselhar aos criadores é que selecionem aves de canela alta o que, sem constituir uma garantia de bons exemplares fornece já um elemento importante para a as criações futuras.

A seu tempo, a revista Arlequim fornecerá elementos sobre estas experiências."

Autor: Prof. Dr. Armando Moreno

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